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‘É agora ou nunca’: 4 conclusões urgentes do relatório climático da ONU

Para limitar o aquecimento a níveis controláveis, o mundo tem de parar completamente de usar combustíveis fósseis em poucos anos.

PUBLICADO 7/04/2022, 11:58
Relatório Climático ONU

Turbinas eólicas em Mojave, na Califórnia. Um novo relatório climático da ONU diz que abandonar os combustíveis fósseis – de imediato – e adotar energias renováveis, é a única forma de limitar os efeitos mais terríveis das alterações climáticas no planeta.

A menos que as emissões globais de gases com efeito de estufa atinjam o pico dentro de três anos e sejam reduzidas quase em 50% até 2030, o mundo provavelmente irá sentir impactos climáticos extremos, de acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) da ONU.

Segundo o relatório, Alterações Climáticas 2022: Mitigação das Alterações Climáticas, que foi divulgado na segunda-feira, se não forem tomadas medidas urgentes, a humanidade não irá conseguir limitar o aquecimento aos 1,5 graus Celsius, o limite para um futuro com mais incêndios, secas, tempestades e outros fenómenos. Com os níveis atuais, porém, as emissões de gases com efeito de estufa provavelmente irão criar o dobro do aquecimento: aproximadamente 3,2 graus até 2100.

“Se queremos limitar o aquecimento global aos 1,5 graus, é agora ou nunca”, disse em conferência de imprensa Jim Skea, o copresidente do grupo de trabalho do IPCC que produziu o relatório. “Sem reduções imediatas e profundas nas emissões de todos os setores, vai ser impossível.”

Os gases com efeito de estufa na atmosfera da Terra estão nos níveis mais altos de sempre na história da humanidade. As emissões de gases caíram acentuadamente em 2020 devido aos confinamentos durante a pandemia, mas em 2021 igualaram ou superaram até o recorde de 2019, quando ficaram cerca 12% mais elevados do que em 2010 – e 54% mais elevados do que em 1990, o ano em que o primeiro relatório do IPCC foi publicado.

Contudo, Jim Skea sublinhou que “há cada vez mais evidências de uma ação climática”. A taxa de aumento das emissões de gases com efeito de estufa foi mais lenta entre 2010 e 2019 do que na década anterior; e já existem tecnologias e políticas que podem permitir reduções mais acentuadas nas emissões – se houver vontade política para as implementar.

“Estamos numa encruzilhada”, acrescentou Hoesung Lee, presidente do IPCC. “As decisões que tomarmos agora podem garantir um futuro habitável. Temos as ferramentas e o conhecimento necessários para limitar o aquecimento.”

Algumas das conclusões principais do relatório incluem:

A revolução da energia limpa está a ficar mais barata

Para termos alguma esperança de limitar o aquecimento a 1,5 graus, o uso de carvão deve ser reduzido em 95% no mundo inteiro, ao passo que o consumo de petróleo e gás deve ser reduzido em 60% e 45%, respetivamente, até 2050. Felizmente, para muitas pessoas em muitos lugares, criar novas instalações de energias limpas é mais barato do que operar a energia existente de combustível fóssil – e muitas vezes mais barato do que instalar uma nova infraestrutura para processar combustíveis fósseis.

De 2010 até 2019, o custo da energia solar e das baterias de iões de lítio diminuiu em média 85%, enquanto que o custo da energia eólica diminuiu 55%. As reduções nos custos permitiram uma implementação significativamente mais ampla destas tecnologias; por exemplo, o uso de veículos elétricos aumentou 100 vezes durante a mesma década, e a energia solar é agora 10 vezes mais prevalente em todo o mundo, embora estes números variem muito de país para país e região para região.

“Temos, pelo menos na fase de pesquisa, desenvolvimento e demonstração, todas as tecnologias de que precisamos para descarbonizar a nossa economia, e as que ainda precisamos de desenvolver podem ser desenvolvidas rapidamente com as políticas certas”, diz Genevieve Guenther, diretora e fundadora da organização End Climate Silence e autora do livro por publicar The Language of Climate Politics. “Temos o exemplo da Segunda Guerra Mundial. Ao início, algumas pessoas usavam cavalos e carroças, mas no final já estávamos a dividir o átomo. Nós conseguimos alcançar feitos incríveis quando nos dedicamos a isso.”

Políticas e resistência à mudança são os obstáculos principais

Vários países implementaram políticas que melhoraram a sua eficiência energética, reduziram as taxas de desflorestação ou aceleraram a implementação de tecnologias de energias limpas. Outras nações comprometeram-se com reduções nas emissões ao abrigo do Acordo de Paris. No entanto, as metas de muitos países não são suficientemente ambiciosas, e embora outros países tenham prometido reduzir significativamente as suas emissões, não mostram sinais de estarem a tomar as medidas necessárias.

“Alguns líderes governamentais e empresariais dizem uma coisa, mas fazem outra”, disse António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em resposta à publicação do relatório. “Resumindo, estão a mentir. E os resultados vão ser catastróficos.”

O relatório do IPCC argumenta que, “em termos de considerações tecnológicas e de custos, a mitigação das emissões para limitar o aquecimento a 1,5 graus é viável”. Os obstáculos são “as políticas, as relações de poder e os interesses estatutários que bloqueiam as políticas de ação climática, incluindo a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. Isto inclui campanhas de desinformação que tentam minar ativamente a fé na ciência climática”.

“Esta é a primeira vez que vejo a desinformação com tanto destaque num relatório do IPCC”, diz Alexander Barron, professor-adjunto de ciência e política ambiental no Smith College, em Massachusetts. “Enquanto cientista que trabalha em políticas de ação climática, tenho visto os chamados especialistas cuja mensagem tem sido amplificada por grupos que são financiados por combustíveis fósseis; já vi atores contratados para aparecerem em reuniões da comunidade; para mim, é difícil exagerar até que ponto tem havido uma oposição ativa às mudanças que precisamos de fazer.”

O relatório também salienta que o financiamento direcionado para as energias renováveis “está muito aquém do necessário” e, de facto, continua a ser insignificante em comparação com os subsídios concedidos para a exploração de combustíveis fósseis. O relatório conclui que o simples corte deste tipo de subsídios podia reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 10% até 2030.

É vital reduzir de imediato as emissões de metano

O metano, apesar de ter uma vida mais curta e ser menos abundante na atmosfera do que o dióxido de carbono, é um gás de efeito estufa muito mais potente; estima-se que seja responsável por 60% das emissões de gases com efeito de estufa não-CO2 até meados deste século. Contudo, como é menos persistente na atmosfera, os cortes profundos nas suas emissões podem reduzir rapidamente o seu impacto no aquecimento global.

Uma das formas mais eficazes de o fazer é reduzir as emissões “fugitivas” – o metano que escapa para a atmosfera durante a extração e transporte de gás natural, ou dos poços de petróleo há muito abandonados. O IPCC calcula que as chamadas emissões fugitivas representam cerca de 32% do metano libertado na atmosfera globalmente e 6% de todas as emissões de gases com efeito de estufa.

A remoção de CO2 é uma solução temporária – com contratempos

Dada a lentidão no progresso feito em direção a uma redução na quantidade de gases com efeito de estufa expelidos para a atmosfera, o relatório argumenta que, entretanto, vai ser vital remover algumas das emissões que já lá estão. Há estimativas que afirmam que é necessário remover anualmente da atmosfera 10 mil milhões de toneladas de CO2 – mais do que a emissão anual total dos EUA – até meados deste século. Alguns dos métodos para o fazer, porém, provavelmente terão maiores desvantagens do que outros.

“Demorámos tanto tempo para tomar o tipo de ações necessárias, não é surpreendente que alguns destes modelos estejam a definir um papel na remoção do dióxido de carbono, sobretudo se quisermos manter a subida da temperatura abaixo dos 1,5 graus”, diz Alexander Barron. “É quase sempre mais fácil nem sequer emitir dióxido de carbono em primeiro lugar. Mas há muitas coisas na lista do relatório – como a reflorestação, o melhoramento da gestão florestal, melhores práticas agrícolas, proteção dos ecossistemas costeiros – que captam naturalmente dióxido de carbono e são benéficas para a biodiversidade e meios de subsistência locais; e que provavelmente gostaríamos de fazer de qualquer forma. Onde encontramos problemas é quando as pessoas querem uma tecnologia mágica para cuidar do problema por nós.”

O relatório informa que alguns dos esforços na remoção de carbono – como a reflorestação (e plantar florestas onde estas nunca existiram) e a conversão de terras para o cultivo de biocombustíveis – podem ter impactos negativos na biodiversidade e nos meios de subsistência locais, enquanto que a fertilização oceânica – semear as camadas superiores do oceano com nutrientes para promover o crescimento de plâncton – pode provocar mudanças no ecossistema e acidificação nas águas mais profundas.

Para termos dois terços de possibilidades de manter a subida da temperatura global abaixo dos 2 graus, conclui o relatório do IPCC, os modelos projetam que entre a atualidade e o ano de 2100 precisamos de retirar da atmosfera algo como 170 mil milhões e 900 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, usando uma ou ambas as tecnologias mencionadas.

Na primeira destas tecnologias, chamada BECCS, as plantas são queimadas em fábricas de energia e o CO2 resultante é capturado nas chaminés e enterrado no subsolo – levando a uma remoção líquida de COda atmosfera. Na segunda tecnologia, chamada DAC, as máquinas sugam literalmente o COdo ar usando uma reação química.

Ambas as tecnologias têm sérias desvantagens, dizem os críticos – o cultivo de plantas suficientes para usar no processo BECCS desviaria enormes extensões de terras agrícolas para o bio-campo. E a tecnologia DAC ainda é extremamente dispendiosa.

Urgente mas não impossível

John Kerry, enviado especial dos EUA para o clima, considera o relatório “um momento decisivo para o nosso planeta” e diz que este trabalho mostra que “atualmente estamos a falhar na nossa batalha para evitar as piores consequências da crise climática”. Mas, acrescenta, “temos as ferramentas de que precisamos para atingir os nossos objetivos, para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa pelo menos em 50% até 2030, atingir o zero líquido nas emissões até 2050 e garantir um planeta mais limpo e saudável”.

Apesar da urgência inerente às conclusões do relatório, Alexander Barron alerta que, se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem a aumentar após 2025, não devemos assumir que a batalha está perdida.

“Mesmo que ultrapassemos os 1,5 graus, cada décimo de grau que conseguirmos manter abaixo dos 2 graus levará a uma tremenda redução na quantidade de sofrimento humano. Nós precisamos de acelerar drasticamente o que estamos a fazer em todas as frentes, e quanto mais esperarmos, mais danos climáticos poderemos sofrer.”

“A maior incerteza no relatório do IPCC é saber o que as pessoas vão fazer, e isso não está fora do nosso controlo. Podemos escolher seguir um rumo ou outro. A questão é saber o quanto as pessoas vão querer lutar por isto.”
 

Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site nationalgeographic.com

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