cultură şi spiritualitate
O Teatro Romano está entre os vários edifícios antigos de Mérida, em Espanha, que são remanescentes da povoação de Augusta Emerita. Esta cidade pouco visitada na Estremadura espanhola também tem aquedutos, casas e mosaicos com detalhes intrincados.
No seu auge, no primeiro século d.C., o Império Romano cobria partes de três continentes, estendendo-se desde a região norte do Reino Unido até ao sul do Egito, e do leste da Síria até ao oeste de Portugal. Entre os mais de 600 sítios arqueológicos de que há conhecimento, poucos oferecem uma visão tão detalhada da antiga vida romana como as ruínas de Augusta Emerita, localizadas onde fica atualmente Mérida, em Espanha.
Este local, considerado Património Mundial da UNESCO, fica na comunidade autónoma da Estremadura, no sudoeste de Espanha, uma região amplamente rural mais conhecida pelos seus verões solarengos, plantações secas e produção de presunto ibérico. Mérida pode não ter o mesmo apelo de outros locais – porque raramente é contemplada da mesma forma que Roma ou Pompeia – mas supera isso com uma enorme variedade de estruturas romanas. Numa área com mais de 30 hectares, no interior da cidade moderna, estão todos os elementos que definem uma antiga metrópole: obras hidráulicas, pontes, fóruns, um teatro, um anfiteatro, um circo, casas e necrópoles.
Em Mérida, no Museu Nacional de Arte Romana, os mosaicos que representam cenas de caça foram retirados de uma casa antiga nas proximidades.
“Mérida oferece toda uma lição prática de arqueologia clássica”, diz Trinidad Nogales Basarrate, diretora do Museu Nacional de Arte Romana da cidade. A restauração impressionante feita em 2020 da maior casa da cidade antiga – e o foco contínuo em equilibrar o turismo com a conservação histórica – significa que os viajantes têm novos motivos para explorar uma das povoações mais antigas de Espanha.
Augusta Emerita foi fundada em 25 a.C. pelo imperador romano Augusto como uma colónia para os soldados, ou emeriti, dispensados durante as Guerras Cantábricas. A localização junto ao rio Guadiana era ideal, num vale entre florestas em declive e campos de azinheiras, cuja casca é utilizada há muito tempo para produzir cortiça. O imperador Augusto nomeou Mérida a capital da Lusitânia, uma província que se estendia para além da atual fronteira entre Portugal e Espanha.
Esta região também se tornou no centro do culto imperial que adorava os imperadores como se fossem deuses. As evidências deste movimento de governantes romanos enquanto divindades incluem um busto velado de Augusto no papel de Pontifex Maximus, ou autoridade religiosa suprema, no Museu Nacional de Arte Romana e no Templo de Diana, no centro da cidade. O Templo de Diana – que provavelmente foi erguido durante o reinado de Augusto – é na verdade um Templo de Culto Imperial que se ergue de um pódio elevado de granito.
No seu auge, no primeiro e segundo séculos d.C., Mérida tinha uma população de cerca de 40.000 pessoas, muitas vindas de locais tão longínquos quanto a Ásia Menor. E permaneceu um baluarte estratégico e capital administrativa até à ocupação dos mouros no século VIII. Contudo, no século XII, na época da reconquista cristã, a cidade já era apenas uma nota de rodapé. Muitas das suas estruturas “imorais” foram enterradas para dar lugar à agricultura e a novas construções.
Existem muitos outros sítios arqueológicos romanos fora de Itália, inclusive em Portugal, Marrocos e França. “Nestes locais, podemos encontrar um anfiteatro ou balneários e aquedutos”, diz Marco Mangut, guia turístico na região da Estremadura. “Mas encontrar um teatro, anfiteatro e circo – os três principais edifícios para a realização de eventos – é extremamente raro, exceto em Roma.”
As notáveis estruturas antigas de Mérida, a região menos povoada e menos visitada de Espanha, foram relativamente fáceis de desenterrar. “Se formos a Roma, a diferença entre o nível do solo moderno e o antigo é de cerca de 10 metros. Mérida não tem sequer metade disso. Podemos abrir uma vala para instalar um cabo de fibra óptica e desenterrar ruínas romanas”, diz Jonathan Edmondson, professor de história romana e estudos clássicos da Universidade de York, em Toronto, e coautor do livro Si muero, no me olvides, que examina a vida social em Augusta Emerita através de epígrafes funerárias.
Na cidade moderna, os visitantes encontram mais de 30 monumentos, desde construções romanas a cristãs, todos geridos pelo Consórcio da Cidade Monumental de Mérida. As descobertas arqueológicas feitas regularmente e os projetos de preservação significam que há sempre algo novo para ver.
Um mosaico no Museu Nacional de Arte Romana mostra o deus Zeus na forma de touro a raptar Europa.
A sala de jantar da Casa do Anfiteatro tem um mosaico bem preservado de Vénus e Cupido.
O Mosaico Cosmológico na Casa Mithraeum de Mérida apresenta figuras mitológicas que representam a terra e o céu.
Na Casa do Anfiteatro, que reabriu recentemente e que é a maior habitação antiga da cidade, está em destaque a vida dos romanos mais abastados. Um novo passadiço de aço, que cobre 370 metros quadrados e está completamente acessível, serpenteia exatamente por cima da estrutura e inclui plataformas com pisos de vidro posicionadas sobre os corredores e espaços de convívio. Este projeto também ergueu um telhado para proteger a casa do calor abrasador que se faz sentir na região.
“A Casa do Anfiteatro representa um dos exemplos únicos das construções suburbanas romanas que pontilhavam a paisagem em torno das muralhas de Augusta Emerita”, diz Raquel Nodar Becerra, do Consórcio da Cidade de Mérida, que supervisionou a restauração do edifício com a arquiteta María López.
A maior casa romana da cidade, a Casa do Anfiteatro, possui 650 metros quadrados de mosaicos policromados desbotados representando os deuses, a natureza e a vida quotidiana. Os mosaicos mais bem preservados decoram o chão da sala de jantar com cenas de Vénus e Cupido emolduradas por uma vegetação exuberante e um trio de homens a pisar uvas enquanto pequenos pássaros se alimentam nas videiras.
Estes mosaicos de pedra não são apenas decorativos; também fornecem pistas sobre quem eram as pessoas que aqui viviam, uma espécie de Architectural Digest da Roma antiga. Na Casa Mithraeum, a 800 metros da Casa do Anfiteatro, o Mosaico Cosmológico de cores vivas usa figuras mitológicas para mostrar os reinos celestiais, terrestres e marinhos e respetivos elementos, como o vento e a água. “Isto sugere que o dono desta casa tinha uma curiosidade intelectual bastante interessante”, diz Jonathan Edmondson.
Os terrenos de Alcazaba, uma fortaleza moura do século IX em Mérida, apresentam mosaicos romanos.
O Teatro Romano e o Anfiteatro de Mérida, que formam a segunda etapa de um “triângulo” que inclui a Casa do Anfiteatro, também estão incrivelmente bem preservados. Os bancos de pedra do Anfiteatro, alguns desgastados pela erosão, rodeiam uma arena onde antigamente lutavam os gladiadores. O teatro tem um proscénio com colunas e já esteve decorado com esculturas e um sistema de lugares com três níveis para as diferentes classes sociais da cidade. De acordo com Marco Mangut, as colunas eram tão valorizadas que, no início do século XX, os arqueólogos desenterraram os esqueletos de saqueadores do século V – com cordas ainda atadas aos tesouros caídos – que ficaram presos quando o teto desabou.
Na terceira etapa do chamado triângulo localiza-se o Museu Nacional de Arte Romana, onde as arcadas de inspiração clássica acolhem exposições interpretativas sobre a cultura romana e apresentam cerca de 3.000 artefactos (de uma coleção com 50.000 itens). A coleção inclui vidro, moedas e um enorme medalhão de pedra com a cabeça de Medusa.
Ali perto, o enorme Circo da cidade acolhia 30.000 espectadores que assistiam a procissões cerimoniais e corridas de bigas, incluindo algumas com Caio Apuleio Diocles. Ao longo de uma carreira de duas décadas, este cocheiro ganhou o equivalente a 15 mil milhões de dólares, tornando-o no atleta mais bem pago de todos os tempos.
A partir do Circo, é uma curta caminhada até três dos quatro aquedutos que antigamente levavam a água das nascentes e reservatórios nas proximidades para abastecer toda a cidade. O Aqueduto dos Milagres, com 24 metros de altura, é o mais bem preservado, com arcos graciosos de silhares de granito, tijolos e cimento que se estendem por 800 metros.
Em torno da curva do rio, a Ponte Romana atravessa o Guadiana. Para captar as melhores fotografias, suba até ao topo de Alcazaba, uma fortaleza moura do século IX, para fotografar a ponte centenária juntamente com a moderna e escultural Ponte Lusitânia, do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, mais à distância.
Adjacente à fortaleza de Alcazaba, por entre edifícios residenciais no Paseo de Roma, fica a Zona Arqueológica de Morerías. Esta área conserva o maior trecho de muralhas romanas da cidade, para além de um traçado urbano com casas e ruas.
A utilização moderna e sustentável destes espaços antigos, juntamente com a sua conservação e estudo, são os objetivos – e desafios – principais da cidade de Mérida da atualidade. O Teatro Romano, por exemplo, é onde se realiza o Festival Internacional de Teatro Clássico de verão, em que atores espanhóis famosos encenam produções de clássicos gregos e romanos. O Anfiteatro é o pano de fundo para as cerimónias anuais da Semana Santa Católica. Para celebrar a Emerita Lvdica, artistas e habitantes locais fazem uma reconstituição histórica de outono onde se vestem com trajes romanos e recriam cenas da vida quotidiana, incluindo jogos com gladiadores, funerais e mercados que vendem artesanato e comida.
(Visite as Astúrias, um dos segredos mais bem guardados de Espanha.)
Estes eventos, assim como o turismo, trazem fundos que são necessários para o trabalho de preservação, mas também desgastam as estruturas – um desafio no mundo da conservação que não é exclusivo de Mérida. Os danos ambientais também são uma preocupação, desde eventos climáticos extremos ao crescimento de biofilme e fungos, que podem degradar a pedra.
Como se não bastasse, existe uma cidade antiga que está adormecida por baixo da cidade moderna. Sempre que se realiza uma nova construção em Mérida, os arqueólogos do Consórcio da Cidade documentam as ruínas encontradas. O objetivo é criar um mapa digital interativo da cidade onde os visitantes podem tocar num edifício ou rua e ficar a conhecer o seu passado romano.
Depois de documentadas, as estruturas antigas são por vezes integradas na vida urbana – como é o caso de dois prédios de apartamentos cujas caves preservam, atrás de paredes de vidro, as suas antigas fundações. Outras obras, como um mosaico romano que foi encontrado durante um trabalho de reparação numa rua movimentada, acabam por ser recuperadas – algo que representa bem a incessante marcha do tempo e o desejo humano de recordar.
Os habitantes de Mérida acolhem bem esta realidade. “Compreendemos que a cidade não pode parar”, diz Marco Mangut. “Gostávamos que ficasse tudo visível para sempre, mas isso é impossível. É realmente incrível ter uma cidade tão viva, onde há novas descobertas todos os anos. Estamos a tentar coexistir com a preservação do legado romano e uma vida nova.”
Robin Catalano, escritora de viagens sediada em Hudson Valley, especializa-se no nordeste dos EUA. Siga-a no Instagram e Twitter.
Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site nationalgeographic.com
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