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As mais recentes descobertas de Pompeia

Conheça as mais recentes descobertas de um dos sítios arqueológicos mais famosos do mundo.

PUBLICADO 15/03/2021, 15:35 WET, ATUALIZADO 19/03/2021, 12:26 WET
Monte Vesúvio

Ruínas do Parque Arqueológico de Pompeia e o Monte Vesúvio como pano de fundo.

FOTOGRAFIA DE JOÃO NUNES DA SILVA

As pedras da calçada demonstram o desgaste ao longo dos tempos e levam-nos obrigatoriamente a imaginar o que as percorreu. Em algumas das vias, ainda se observa a corrosão causada pelo rodado das carroças. Depois de uma pausa para decidir o caminho a seguir, e enquanto a vista se perde no horizonte de ruínas, o Monte Vesúvio destaca-se como cenário de fundo recortando o céu azul. Encontramo-nos no Parque Arqueológico de Pompeia, um dos mais famosos do mundo, localizado a pouco mais de vinte quilómetros da cidade de Nápoles em Itália. Pompeia não se visita num dia. São precisos vários dias para podermos percorrer as ruas estreitas, observar com pormenor e ler muita da informação que existe. A complexidade de alguns detalhes em Pompeia surpreendem-nos, quando pensamos que foram idealizados há mais de dois mil anos. O fórum e o anfiteatro, as diferentes habitações, os banhos e espaços que constituíam parte da cidade hoje desenterrada. Ao entrarmos nalgumas habitações e pátios, a beleza, as cores e os detalhes de alguns dos frescos e mosaicos, sobretudo nas mais abastadas, merecem uma atenção mais pormenorizada, como por exemplo os frescos da Casa della Venere in Conchiglia ou o mosaico da Casa di Paquius Proculus, entre muitos outros.

Frescos da estátua de Marte

Frescos da estátua de Marte, na Casa della Venere in conchiglia.

FOTOGRAFIA DE JOÃO NUNES DA SILVA

Classificada como Património Mundial da UNESCO, Pompeia é um local que fervilha de história e sentimento, que se sente quando percorremos os diversos percursos à disposição do visitante. Dividida em dez áreas coloridas, que vão do Regio I ao Regio IX, o visitante facilmente pode optar por aquilo que mais lhe interessa, com recurso a um mapa fornecido à entrada do Parque Arqueológico. O trabalho aqui é permanente, com uma vasta e multidisciplinar equipa, constantemente em trabalhos de escavação arqueológica e de conservação e restauro. Gradualmente, novas áreas vão sendo abertas ao público. Existe inclusive uma vinha plantada no mesmo local onde terá existido uma na altura da erupção.

Não é indiferente a enorme atração que Pompeia desperta, assim como toda a história em torno da cidade, devido ao facto de estar ligada à tragédia que sobre ela se abateu com a erupcção vulcânica do Monte Vesúvio. De forma súbita, o quotidiano desta cidade do Império Romano, foi interrompida em 79 d.C. Cerca de 20.000 pessoas viveriam em Pompeia, quando a mesma foi submersa pelas cinzas e lava do vulcão a vários metros de profundidade. No meio da destruição causada pelo Vesúvio, não só a cidade de Pompeia foi arrasada, mas também outros locais nos arredores, como por exemplo a vila de Herculano, vila Boscoreale, entre outras. Para conhecer com mais pormenor alguns aspectos relacionados com a história desta catástrofe, vale a pena visitar o Museu Arqueológico Nacional de Nápoles. Para além de uma maqueta detalhada de Pompeia no seu apogeu, o museu possui expostos diversos achados arqueológicos que foram sendo recuperados com o tempo, tais como frescos e mosaicos deste e de outros locais soterrados pela erupção do Vesúvio.

Anfiteatro de Pompeia

Anfiteatro do Parque Arqueológico de Pompeia.

FOTOGRAFIA DE JOÃO NUNES DA SILVA

As ruínas de Pompeia foram descobertas pela primeira vez em 1599, mas a sua escavação só foi iniciada em 1748, com campanhas organizadas para o efeito. Nessa época, a ciência arqueológica estava longe de ser o que é hoje, no que toca aos métodos necessários neste tipo de escavações. Pelo facto de Pompeia ter ficado submersa sob a intensa chuva de cinzas que a sepultou completamente, possibilitou a sua preservação durante séculos. Só à medida que se iniciaram as escavações arqueológicas no século XVIII, se começou a redescobrir todo o património soterrado, muito dele associado à vida quotidiana da altura e aos hábitos de vida dos habitantes numa cidade cosmopolita de Roma antiga. Atualmente, já foram escavados cerca de dois terços da cidade. Nos depósitos arqueológicos existentes em Pompeia, encontram-se aproximadamente 80000 achados das escavações da cidade e do seu território.

Hoje, ao caminhar ao longo dos diferentes espaços deste Parque Arqueológico, podemos observar as ruas, os monumentos, mobiliário, arte, comida e bebidas e até mesmo os moldes de gesso das pessoas e animais nos seus últimos momentos, alguns com um detalhe aterrador. Diversos utensílios do quotidiano e jóias também podem ser apreciados. Muito desde espólio encontra-se agora reunido no novo Antiquarium de Pompeia inaugurado no princípio deste ano.

As recentes e surpreendentes descobertas

Pompeia não pára de surpreender. Em dezembro de 2020, foi descoberto uma espécie de quiosque de fast-food exepcionalmente bem conservado, numa área não aberta ao público, e cujas escavações tinham sido parcialmente iniciadas em 2019. Neste espaço, constituído por um balcão com vários cantos e decorado com frescos de cores vivas com animais, existiriam diversos recipientes onde era inserida a comida para ser vendida aos transeuntes. Os animais pintados - dois patos e uma galinha - é certo que faziam parte das iguarias existentes nesta espécie de quiosque, assim como outros animais e plantas, cujos vestígios também foram encontrados. Foram igualmente achados diversos utensílios e ossos. Estes espaços, eram conhecidos como termopólios, por fornecerem refeições e bebidas quentes. Alguns dos que sobreviveram até aos nossos dias, encontram-se precisamente em Pompeia e em Herculano. Ao longo das diferentes áreas que constituem o Parque Arqueológico, podem observar-se permanentemente trabalhos de escavação e conservação. Um dos mais recentes, foi a de um magnífico fresco de grandes dimensões, na parede posterior dos jardins da Casa di Ceii, que revela uma cena de caça com animais selvagens, ladeada por cenas de paisagens egípcias povoadas por pigmeus e animais do Delta do Nilo nas paredes laterais. A Casa di Ceii foi escavada entre 1913 e 1914 e representa um dos raros exemplares de uma antiga habitação do final do período Samnita (século II a.C.).

Carruagem

Carruagem recentemente descoberta em Pompeia.

FOTOGRAFIA DE LUIGI SPINA
Detalhes da carruagem, durante o trabalho de investigação.

Detalhes da carruagem, durante o trabalho de investigação.

FOTOGRAFIA DE LUIGI SPINA

Vila de Civita Giuliana

A vila suburbana de Civita Giuliana, na área a norte de Pompeia, faz parte do subúrbio populoso da antiga cidade e desenvolveu-se fora das paredes do perímetro. A escavação desta zona, numa área de aproximadamente 700 metros, teve início em 2017 e, desde então, as descobertas têm sido uma surpresa constante. Pelo facto desta vila se encontrar muito bem preservada, percebeu-se, através das escavações efectuadas, tratar-se de uma vila com uma vasta área destinada ao uso agrícola, com áreas para a produção de vinho e azeite. Esta área já tinha sido investigada no início dos anos de 1907 e 1908.

Civita Giuliana tem sido alvo de escavações clandestinas nas últimas décadas. Como consequência, foram destruídas parte das paredes e rebocos originais das estruturas, assim como foi furtado inúmero património arqueológico. Em 2019, foi assinado um memorando de entendimento entre o Parque Arqueológico de Pompeia e as diferentes autoridades locais, com o principal objectivo de “pôr fim ao saque de património cultural por parte de perpetradores que cavaram vários túneis na área para interceptar tesouros arqueológicos e, em segundo lugar, para revelar uma das vilas mais significativas da área do Vesúvio e protegê-la de mais saques”, afirmaram os responsáveis por Pompeia.

Em Novembro de 2020, foram descobertos em Civita Giuliana dois corpos de habitantes petrificados, quase intactos, na posição em que morreram, nos quais se podia observar alguns detalhes, como as dobras da roupa. Segundo os investigadores, os dois homens morreram provavelmente ao tentar fugir do fluxo piroclástico, resultante da erupção vulcânica do Vesúvio que inundou a residência onde se encontravam.

Em Fevereiro deste ano, foi anunciado mais um extraordinário e quase intacto achado, a seis metros de profundidade. Uma grande carruagem cerimonial com quatro rodas, contendo as componentes de ferro, com magníficas decorações de bronze e estanho em ambos os lados. O que mais se destaca nesta carruagem são as diversas decorações com figuras masculinas (sátiros) e femininas (ninfas) em relevo, representado cenas eróticas. Encontraram-se também os restos da madeira mineralizada e marcas de materiais orgânicos, como cordas e decoração floral. Este tipo de carruagem, provavelmente o Pilentum segundo os especialistas, não era utilizado para o uso diário ou para o transporte agrícola. Seria usado no mundo romano pelas elites, em contextos cerimoniais para acompanhar festas, desfiles e procissões da comunidade.

Nunca nenhuma carruagem deste género havia sido encontrada em solo italiano, e esta descoberta pode ser comparada a achados tidos há cerca de quinze anos dentro de um cemitério na Trácia (no norte da Grécia, perto da fronteira com a Bulgária). “Considerando que as fontes antigas aludem ao uso do Pilentum por sacerdotisas e damas, não se pode excluir a possibilidade de que esta pudesse ter sido uma carruagem usada para rituais relacionados ao casamento, para conduzir a noiva ao seu novo lar”, afirmam os responsáveis do Parque Arqueológico de Pompeia. Já em 2008 tinham sido descobertos perto deste local restos de três equídeos em perfeito estado de conservação, incluindo um cavalo com arreio.

Vinte hectares ainda se encontram por escavar em Pompeia, daí que não seja difícil prever as inúmeras surpresas que ainda verão luz do dia por muitos mais anos. Pompeia, cuja cidade foi fundada por volta dos séculos VI e VII a.C. é considerada o melhor testemunho artístico e cultural de história romana antiga.

 

João Nunes da Silva é jornalista e fotógrafo de natureza, contribuidor frequente de várias revistas nacionais e internacionais, e autor de quatro livros sobre natureza portuguesa.
 

Pode acompanhar as notícias mais recentes na conta de Instagram do Parque Arqueológico de Pompeia.

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