altmarius

cultură şi spiritualitate

A história da lagoa das Sete Cidades e das suas gentes

 

No miradouro da Grota do Inferno, fica bem patente a complexidade do Complexo Vulcânico das Sete Cidades – Lagoa Azul à direita,  Lagoa de Santiago em frente e a mancha do casario da freguesia destacando-se na paisagem. Fotografia Miguel Machado.

É um dos territórios mais deslumbrantes do país, mas, como um fruto de casca espessa, exige do visitante um esforço adicional para transpor a primeira camada e encontrar as pessoas e as histórias que moldam o solo.

Texto: Gonçalo Pereira Rosa

Judite Pavão tem 82 anos bem contados, vividos na totalidade nas Sete Cidades. Os olhos brilham sempre que lhe pedem para contar histórias da mocidade vivida na freguesia instalada na caldeira. Ia para a escola a pé – o cavalo ajudava nas travessias quando a chuva alagava as margens da lagoa, mas o percurso era quase sempre pedestre. Gostava de ter frequentado a escola por mais tempo, mas braços são braços e os seus eram indispensáveis para ajudar a mãe.

Presenciou todas as transformações das lagoas das Sete Cidades (ou lagoa, para ser mais preciso, pois as águas estão separadas por um istmo criado pelo homem). Lembra-se dos estrados de cimento onde as pessoas se sentavam à espera do barco que as levava para a outra margem – para as Sete Cidades.

Presenciou todas as transformações das lagoas das Sete Cidades (ou lagoa, para ser mais preciso, pois as águas estão separadas por um istmo criado pelo homem). Lembra-se dos estrados de cimento onde as pessoas se sentavam à espera do barco que as levava para a outra margem – para as Sete Cidades, o Cerrado das Freiras já era o “outro lado”. Lembra-se da mãe e de outras lavadeiras, que usavam a água da lagoa para lavar a roupa das senhoras de Ponta Delgada, usando os pica-ratos (uma planta arbustiva, alta e afiada como um alfinete) para estender os lençóis sem que estes tocassem no solo. Por alguns tostões, secava-se e transportava-se a roupa para a cidade, entrançada em cordas ou ensacada e transportada por carros de bois. “A vida era dura, mas era mesmo assim.”
A paisagem foi mudando gradualmente durante o século XX. Dona Judite lembra-se bem de como se fazia carvão com toda a madeira disponível – faia, louro, mas também o incenso introduzido, já que o teixo e o cedro tinham usos mais nobres e religiosos (o imponente altar da Igreja do Colégio dos Jesuítas sublinha este ponto com veemência). “Só as madeiras duras é que prestavam. A criptoméria não dava”, diz, lembrando a espécie introduzida pelos Serviços Florestais em meados do século passado para substituir o coberto vegetal prístino. Da urze, muito rija, faziam-se cabos de vassoura e de enxada.
As cumeeiras foram sendo rapadas de vegetação à força de braços. “A minha irmã andou lá, amarrada por cordas para não cair dali abaixo”, conta Dona Judite. O próprio brasão da freguesia ostenta orgulhosamente o carvão, símbolo da domesticação incansável da paisagem. De alguma maneira, essa é uma metáfora possível para explicar cinco séculos de povoamento da caldeira das Sete Cidades.

O povoamento da ilha de São Miguel fez-se a partir das freguesias costeiras, desbravando de fora para dentro. As duas caldeiras vulcânicas identificadas pelos povoadores (nas Furnas e nas Sete Cidades) foram ocupadas prematuramente, pois constituíam solo fértil.

O povoamento da ilha de São Miguel fez-se a partir das freguesias costeiras, desbravando de fora para dentro. As duas caldeiras vulcânicas identificadas pelos povoadores (nas Furnas e nas Sete Cidades) foram ocupadas prematuramente, pois constituíam solo fértil. O terceiro capitão-donatário, Rui Gonçalves da Câmara (filho de Gonçalves Zarco, o descobridor da Madeira), assumiu o controlo da ilha em 1474 e exerceu-o durante 23 anos fundamentais. Até aí, o capitão-donatário nem sequer vivia em São Miguel – residia em Santa Maria.
Um punhado de nobres recebeu línguas de terreno, contadas das barrocas do mar até às cumeeiras, com a obrigatoriedade de as tornar produtivas num curto espaço de tempo. Foram criadas instituições morgadias que controlavam extensas áreas nas quais a mata foi desbravada e o solo trabalhado sem que as respectivas famílias fossem donas do seu quinhão. Chegaram a existir freguesias que pertenciam quase exclusivamente à mesma família. Nas Sete Cidades, o regime quase se mantém.
Na freguesia, uma porção considerável de propriedade pertence ainda aos herdeiros da família Caetano de Andrade, que saltou involuntariamente para as notícias, pois o disputado quadro de Crivelli, vendido para o estrangeiro, pertenceu à sua colecção. Para Cidália Pavão, dinâmica presidente da Junta de Freguesia das Sete Cidades, “nascida, crescida e com família formada aqui”, a situação resume-se aos números: “Há cerca de 250 famílias na freguesia e cerca de duzentas não são donas das suas casas. Há cerca de trinta produtores de leite e apenas um não ocupa terrenos da família Caetano de Andrade. É um obstáculo à fixação porque as famílias não conseguem comprar esses terrenos pelo preço de mercado.” São donas das paredes da casa, mas não do solo.

O geólogo alemão George Hartung (a quem Charles Darwin, sempre intrigado com a especiação insular, perguntará se avistou rochas não vulcânicas em São Miguel) foi um dos primeiros cientistas interessados nos Açores. Foi dele a primeira representação fiável das Sete Cidades (em cima), datada de 1860. Em baixo, o rei Dom Carlos I em território açoriano – foi a primeira visita de um chefe de Estado português em funções ao arquipélago e ocorreu já no século XX (1901). Imagens Arquivo do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores.

À força de músculo e de obstinação, a paisagem foi moldada. Uma gravura datada de 1860 e produzida pelo geólogo George Hartung revela uma paisagem quase irreconhecível, feita de vegetação rasteira, batida pelo vento, e margens florestadas quase sem interrupção (com uma ligeira mancha de casas). Mas é um erro considerá-la primitiva.
Na ilha de São Miguel, sucederam-se apostas em culturas agrícolas susceptíveis de gerar riqueza e notoriedade. O primeiro ciclo, pouco após o povoamento, resultou do cultivo de toneladas de trigo, que superou a carestia na Europa ressequida e produziu uma primeira bolsa de riqueza. Seguiu-se o ciclo pouco falado, mas não menos importante, do pastel, o cultivo de plantas tintureiras exportadas sobretudo para a Europa do Norte, muito valorizadas e que explica, de certa maneira, o interesse precoce dos flamengos pelo arquipélago.

Ensaiam-se novas experiências. Introduzem-se culturas como a chicória, o ananás, o tabaco e o chá. A paisagem é moldada como o barro de um ceramista, em busca da forma mais apelativa.

No final do século XVIII, surgiu um novo ciclo económico e agrário – o ciclo da laranja, exportada para Inglaterra. Gerou fortunas colossais, algumas das quais ainda sobreviventes na sociedade moderna. “O comércio da laranja servirá, por exemplo, para apoiar a génese do movimento liberal no século XX”, conta o historiador José de Almeida Mello, director da Biblioteca Municipal Ernesto do Canto. A cultura, porém, não se adapta às Sete Cidades. Nem o clima, nem os ventos, nem o solo favorecem a laranja.
Ensaiam-se novas experiências. Introduzem-se culturas como a chicória, o ananás, o tabaco e o chá. A paisagem é moldada como o barro de um ceramista, em busca da forma mais apelativa. Nas Sete Cidades, o chá foi introduzido na Seara, em propriedade da família Álvares Cabral, onde reencontramos Dona Judite. Nesta era em que se valoriza o património imaterial, Dona Judite é o repositório de um segredo finito – tratou da última cultura de chá na Seara no Verão passado. Já não deverá fazer mais. Foram 43 anos de trabalho meticuloso, limpando, podando, assistindo ao rebentamento da planta, colhendo a folha, aquecendo-a, espalhando-a em tabuleiros até murchar, torcendo-a, deixando-a fermentar e depois aquecendo-a em forno de lenha, antes da inevitável secagem. É um saber que o Museu Carlos Machado tem registado etnograficamente, no âmbito de um generoso programa de recolha de memórias orais. Dizem-me que os conhecedores percebiam que a planta fora aquecida em forno de lenha – já não fui a tempo… O chá da Seara esfumou-se como muitas das boas ideias que aqui brotaram à força de engenho e imaginação.

Nesta imagem da Agência Espacial Europeia, fica bem explícita a monumentalidade do Complexo Vulcânico das Sete Cidades, delimitada pelas vertentes abruptas. A Lagoa Azul (1) e a Lagoa Verde (2) são ícones bem conhecidos, mas outros relevos vulcânicos merecem destaque, como a Lagoa de Santiago (3) e a Lagoa Rasa (4). A Caldeira do Alferes (5) e a Caldeira Seca (6) são os limites naturais da mancha urbana das Sete Cidades (7). Imagem Agência Espacial Europeia, satélite Deimos 2, captada em 6 de Dezembro de 2014.

O motor que fazia mover a máquina de torcedura do chá terá sido o mesmo que operou no túnel das Sete Cidades, um projecto notável de engenharia na ilha, desejado desde o final do século XIX e construído entre 1930 e 1937. Antes, as cheias eram o pesadelo da freguesia – o terreno, muito impermeável, alagava com a chuva e as margens avançavam para cima de casas e culturas. “Chegámos a apanhar carpas no jardim do meu avô”, conta Dona Judite.
O túnel rasga a montanha a direito ao longo de 1.200 metros, desembocando nos Mosteiros. Possibilitou, pela primeira vez, o controlo do excesso de água e também disponibilizou uma travessia fácil (excepto para os claustrofóbicos) para o lado de lá da montanha. Foi uma obra genial e brutal, com custos humanos ainda por apurar – a tradição oral guarda memória de vítimas no hercúleo esforço de abrir caminho, mas essa história carece ainda de validação. Os homens que a rasgaram chegaram a ser designados por toupeiras – epíteto polissémico, tão susceptível de descrever a heroicidade do trabalho nas profundezas, como a facilidade da substituição de mão-de-obra.

Ao mesmo tempo, foi uma obra genial, o primeiro túnel da ilha. José Bolieiro, o dinâmico presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada e um apaixonado pelas Sete Cidades, recorda o apelo que a conquista tecnológica despertou nos rapazes da sua geração.

Ao mesmo tempo, foi uma obra genial, o primeiro túnel da ilha. José Bolieiro, o dinâmico presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada e um apaixonado pelas Sete Cidades, recorda o apelo que a conquista tecnológica despertou nos rapazes da sua geração. “Não nos era indiferente a conquista da montanha, a ideia de furar a eito e chegar aos Mosteiros. O túnel foi simbólico para a minha geração porque possuía uma dimensão transcendental”, conta.
O engenheiro Francisco Xavier de Castro organizou sistematicamente durante sete anos todos os materiais colectados nas obras, num esforço ritmado de catalogação científica. Mandou construir um móvel (hoje exposto no Museu Carlos Machado), onde todas as camadas foram catalogadas com amostras. No processo, faria igualmente uma descoberta relevante – encontrou pedaços de vegetação, cedros-do-mato arrastados por um movimento suficientemente forte que permitiria datar o abatimento de uma das vertentes. “Existia então uma tese, baseada numa passagem dúbia das crónicas do cronista Gaspar Frutuoso, que sugeria que o colapso da caldeira teria sido contemporâneo do povoamento”, explica João Paulo Constância, curador do Museu Carlos Machado. “Os cedros fósseis, não petrificados, que viriam a ser datados por carbono14, permitiram recuar esse momento em pelo menos quatro mil anos. E um deles estava tão bem conservado que ainda preservava o odor da madeira.”

No processo, faria igualmente uma descoberta relevante – encontrou pedaços de vegetação, cedros-do-mato arrastados por um movimento suficientemente forte que permitiria datar o abatimento de uma das vertentes.

Classificada como Zona Húmida de importância internacional, paisagem protegida, reserva florestal e até nomeada como uma das Sete Maravilhas Naturais do país, a lagoa das Sete Cidades continua a ser um monumento natural que nos faz suster a respiração quando a última curva da estrada – entre-se a norte ou entre-se a sul – revela a explosão de cor e a grandeza da escala com que a paisagem foi ali moldada.
Apesar das cicatrizes provocadas pela inevitável (mas nem sempre recomendável) humanização, é “um território que nos devolve a humildade”, resume José Bolieiro. “Lembro-me de, em criança, olhar para aquelas águas e imaginá-las sem fundo, uma reminiscência da Atlântida que as lendas diziam ter aqui ficado sepultada.” Os botânicos encontram nas Sete Cidades novas páginas da resiliência da vida, nas vertentes abruptas, onde os endemismos resistem, presos ao solo num abraço milenar. Observadores de aves regressam todos os anos aos abrigos onde aqui se avistam espécies migratórias como num terminal de uma grande estação de comboios, onde cada um parte num sentido diferente.

A idade do cedro - Aquando do troço inicial das obras do túnel, surgiram da montanha pedaços de vegetação quase fossilizada que constituem testemunhos decisivos sobre as idades dos deslizamentos das paredes da caldeira da Lagoa Azul. Este cedro-do-mato foi datado em 1965 e apurou-se que teria cerca de 4.167 anos. Foi um dos elementos decisivos para desmontar a tese de que a caldeira das Sete Cidades resultaria de um episódio vulcânico poucoanterior ao povoamento da ilha. Outro belo exemplar existe, serrado e polido, no Hotel São Pedro. Fotografia António Pacheco/Museu Carlos Machado.

Classificada como Zona Húmida de importância internacional, paisagem protegida, reserva florestal e até nomeada como uma das Sete Maravilhas Naturais do país, a lagoa das Sete Cidades continua a ser um monumento natural que nos faz suster a respiração quando a última curva da estrada

Para o vulcanólogo Victor Hugo Forjaz, presidente do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores e professor jubilado da Universidade dos Açores, as Sete Cidades serão sempre um museu – um museu geológico, ao ar livre, com manifestações vulcânicas tão diversificadas que exigem um manual complexo para perceber todos os mecanismos que moldaram o terreno [ver mapa-suplemento].
Pela primeira vez desde sempre, o tema do turismo – a última monocultura de sucesso na ilha – tem despertado debates sobre a capacidade de carga de ecossistemas pouco compatíveis com multidões. Neste maciço vulcânico que, com graça, alguns costumam classificar como privativo do município, pois integra-se na totalidade na área concelhia, José Bolieiro tem ideias fortes, sem sobrepor a sua jurisdição à do Governo Regional. “Entendo que, como dizem os militares, é fundamental assegurar a disciplina e o controlo da multidão. Nas Sete Cidades, assisto muitas vezes ao turismo como acto de contemplação ignorado e ignorante – ignorante porque, sem explicação e interpretação, o visitante sente dificuldade em descodificar toda a paisagem, toda a geologia, toda a biodiversidade e a vida daqueles que moldaram o território; ignorado porque não é registado, não é medido e, portanto, não é possível avaliar a respectiva capacidade de carga.”

Da Vista do Rei, o mais icónico miradouro das Sete Cidades, este mosaico de imagens capta o pôr do Sol e a mancha de iluminação produzida pelo homem – metáfora perfeita de uma convivência de cinco séculos das comunidades humanas com esta paisagem natural. Fotografia Miguel Claro.

Em cima da mesa estão ideias para introduzir veículos colectivos e ecológicos que permitam reduzir a pegada da visita, normalizar o tráfego, recensear todos os visitantes e criar uma fonte de rendimento que possa ser aplicada na conservação dos espaços comuns. “Não há turismo ilimitado, nem acredito que um território sobreviva à passagem contínua de multidões”, diz o autarca.

Falta uma dimensão na vida das Sete Cidades – a lendária. Território historicamente isolado, onde a mera transição da caldeira constituía uma aventura, as lendas brotaram aqui com particular fervor.

Falta uma dimensão na vida das Sete Cidades – a lendária. Território historicamente isolado, onde a mera transição da caldeira constituía uma aventura, as lendas brotaram aqui com particular fervor. O historiador José de Almeida Mello gosta de as contar – não pelo seu valor intrínseco, mas pelo que elas significam no quadro de uma história das mentalidades. “Não valorizo a hipótese de a reminiscência da Atlântida ter permanecido aqui. Mas interessa-me que o homem do século XVI assim pensasse.” Como prova de bom humor e fair-play, a freguesia consagra, aliás, na sua toponímia uma Rua da Atlântida.
O mito permaneceu incrustado. Na década de 1950, um dos mais famosos criadores de banda desenhada do mundo, o belga Edgar Jacobs, imaginou nas Sete Cidades o cenário do seu “Enigma da Atlântida”. Na ficção, o autor (que visitou certamente a ilha para criar as pranchas) imagina uma civilização escondida sob a Lagoa Azul e a Lagoa Verde, civilização essa que, por vicissitudes várias, termina a aventura partindo em naves espaciais para outro planeta.
Quando se aborrece com atropelos ambientais ou com marcas de desprotecção da paisagem, o vulcanólogo Victor Hugo Forjaz gosta de terminar essa narrativa com uma provocação: “Tivemos azar com os que partiram nas naves espaciais”, satiriza. “Devemos ser descendentes dos que ficaram.”

Vizualizări: 2

Adaugă un comentariu

Pentru a putea adăuga comentarii trebuie să fii membru al altmarius !

Alătură-te reţelei altmarius

STATISTICI

Free counters!
Din 15 iunie 2009

209 state 

(ultimul: Eswatini)

Numar de steaguri: 273

Record vizitatori:    8,782 (3.04.2011)

Record clickuri:

 16,676 (3.04.2011)

Steaguri lipsa: 33

1 stat are peste 700,000 clickuri (Romania)

1 stat are peste 100.000 clickuri (USA)

1 stat are peste 50,000 clickuri (Moldova)

2 state au peste 20,000  clickuri (Italia,  Germania)

4 state are peste 10.000 clickuri (Franta, UngariaSpania,, Marea Britanie,)

6 state au peste 5.000 clickuri (Olanda, Belgia,  Canada,  )

10 state au peste 1,000 clickuri (Polonia, Rusia,  Australia, IrlandaIsraelGreciaElvetia ,  Brazilia, Suedia, Austria)

50 state au peste 100 clickuri

20 state au un click

Website seo score
Powered by WebStatsDomain

DE URMĂRIT

1.EDITURA HOFFMAN

https://www.editurahoffman.ro/

2. EDITURA ISTROS

https://www.muzeulbrailei.ro/editura-istros/

3.EDITURA UNIVERSITATII CUZA - IASI

https://www.editura.uaic.ro/produse/editura/ultimele-aparitii/1

4.ANTICARIAT UNU

https://www.anticariat-unu.ro/wishlist

5. PRINTRE CARTI

http://www.printrecarti.ro/

6. ANTICARIAT ALBERT

http://anticariatalbert.com/

7. ANTICARIAT ODIN 

http://anticariat-odin.ro/

8. TARGUL CARTII

http://www.targulcartii.ro/

9. ANTICARIAT PLUS

http://www.anticariatplus.ro/

10. LIBRĂRIILE:NET

https://www.librariileonline.ro/carti/literatura--i1678?filtru=2-452

11. LIBRĂRIE: NET

https://www.librarie.net/cautare-rezultate.php?&page=2&t=opere+fundamentale&sort=top

12.CONTRAMUNDUM

https://contramundum.ro/cart/

13. ANTICARIATUL NOU

http://www.anticariatulnou.ro

14. ANTICARIAT NOU

https://anticariatnou.wordpress.com/

15.OKAZII

https://www.okazii.ro/cart?step=0&tr_buyerid=6092150

16. ANTIKVARIUM.RO

http://antikvarium.ro

17.ANTIKVARIUS.RO

https://www.antikvarius.ro/

18. ANTICARIAT URSU

https://anticariat-ursu.ro/index.php?route=common/home

19.EDITURA TEORA - UNIVERSITAS

http://www.teora.ro/cgi-bin/teora/romania/mbshop.cgi?database=09&action=view_product&productID=%20889&category=01

20. EDITURA SPANDUGINO

https://edituraspandugino.ro/

21. FILATELIE

 http://www.romaniastamps.com/

22 MAX

http://romanianstampnews.blogspot.com

23.LIBREX

https://www.librex.ro/search/editura+polirom/?q=editura+polirom

24. LIBMAG

https://www.libmag.ro/carti-la-preturi-sub-10-lei/filtre/edituri/polirom/

25. LIBRIS

https://www.libris.ro/account/myWishlist

26. MAGIA MUNTELUI

http://magiamuntelui.blogspot.com

27. RAZVAN CODRESCU
http://razvan-codrescu.blogspot.ro/

28.RADIO ARHIVE

https://www.facebook.com/RadioArhive/

29.IDEEA EUROPEANĂ

https://www.ideeaeuropeana.ro/colectie/opere-fundamentale/

30. SA NU UITAM

http://sanuuitam.blogspot.ro/

31. CERTITUDINEA

www.certitudinea.com

32. F.N.S.A

https://www.fnsa.ro/products/4546-dimitrie_cantemir_despre_numele_moldaviei.html

Anunturi

Licenţa Creative Commons Această retea este pusă la dispoziţie sub Licenţa Atribuire-Necomercial-FărăModificări 3.0 România Creativ

Note

Hoffman - Jurnalul cărților esențiale

1. Radu Sorescu -  Petre Tutea. Viata si opera

2. Zaharia Stancu  - Jocul cu moartea

3. Mihail Sebastian - Orasul cu salcimi

4. Ioan Slavici - Inchisorile mele

5. Gib Mihaescu -  Donna Alba

6. Liviu Rebreanu - Ion

7. Cella Serghi - Pinza de paianjen

8. Zaharia Stancu -  Descult

9. Henriette Yvonne Stahl - Intre zi si noapte

10.Mihail Sebastian - De doua mii de ani

11. George Calinescu Cartea nuntii

12. Cella Serghi Pe firul de paianjen…

Continuare

Creat de altmariusclassic Dec 23, 2020 at 11:45am. Actualizat ultima dată de altmariusclassic Ian 24, 2021.

© 2024   Created by altmarius.   Oferit de

Embleme  |  Raportare eroare  |  Termeni de utilizare a serviciilor